– Pelourinho –
Sendo que o Estreito nunca foi sede de Concelho ou Vila sequer, este pelourinho não o é, como os que encontramos em muitas Vilas, um sinal de domínio autárquico do respetivo Concelho.
Foi, sim, um testemunho de um poder semelhante, mas particular, de uma instituição militar-religiosa com poderes religiosos, militares, civis e jurisdicionais sobre a população e terrenos de uma extensa faixa de territórios que se estendia desde Monforte ao rio Zêzere e dos arredores de Castelo Branco a Belver.
Este seu discricionário poder data de 12 de junho de 1194. Data em que Rei D. Sancho I, sua mulher e filhos doaram à Ordem do Hospital de S. João Batista de Jerusalém, por Carta Régia desta data, esta faixa de terrenos com todos os direitos religiosos. Militares, civis e jurisdicionais e ainda com o direito de neles poderem construir castelos e conventos.
Em 1232 a Ordem deu ¾ partes destes territórios e concedeu o 1º foral para a formação do Concelho de Oleiros mas reservou para a Ordem a quarta parte restante que compreendia as populações e respetivos terrenos de: Estreito, Ameixoeira, Erigo, Mosteiro e Vale Souto.
– Ordem de Malta, ou Ordem Soberana
e Militar Hospitalária de São João de Jerusalém, –
Como estas povoações não eram do domínio do Concelho de Oleiros mas sim da Ordem, houve necessidade de assinalar o facto admitimos, por meio de um sinal material que, como era lógico, deveria ser este monumento, o que lhe confere um valor histórico extraordinário, pois não conhecemos semelhante numa extensa área do nosso país.
Como a Ordem tinha plena jurisdição religiosa, militar, civil e criminal em todos os seus domínios, admitimos sem relutância, que o Pelourinho existente no Estreito simbolizasse, precisamente esta referida total jurisdição, podendo o Estreito ter sido em épocas de antanho, o local da administração da justiça por parte da Ordem, do povo e povos vizinhos, estes de menor importância por menos populosos
O desmonte deste Pelourinho, embora tenha sido resolvido na mesma sessão de Câmara de 18 de Fevereiro de 1880, em que foi resolvido desmontar também os da sede de Concelho de Oleiros e de Álvaro, só teve lugar depois de 1910.
A razão de não ter sido desmanchado quando aos de Oleiros e Álvaro atribuímo-la ao facto do Estreito estar sob domínio da Ordem de Malta.
Esteve pois, desmontado e fora do seu lugar cerca de 70 anos e montado na sua primeira instalação cerca de 716 anos.
Com a sua reinstalação no Largo de S. João, em 1986 e após 70 anos aproximadamente, de ocupação imprópria da sua natureza e fins, podemos hoje admirar o Pelourinho, sendo a sua estrutura assenta em três degraus quadrados altos e em esquadria, uma pedra em forma cilíndrica monolítica a terminar em forma de ovo alongado com o remate da Cruz de Malta.
No último degrau está a inscrição O. HOSPITALEIRA – MALTA RECUPERADO – 1983.